quarta-feira, 15 de abril de 2015

8º O Grupo - Escola Primária

06/11/2013
''AI!!!QUE SAUDADE ME DÁ!!!"

GRUPO ESCOLAR Dnª AGOSTINHA FLOR DE MARIA – 1976 a 1979

Ao acordar de manhã, sinto falta do cheiro de café torrado – daqueles torrados em caçarola preta, no fogão à lenha. Cheirinho que atravessava a rua, às vezes até quarteirão. Do cantar do galo de manhãzinha e do repicar dos sinos. Haviam dois sinos: o da Igreja Matriz e do Grupo Escolar.
GRUPO ESCOLAR?? Onde foi parar o material e meu dever de casa feito à noite? Alguém sabe, alguém viu?

Que saudade! Naquele tempo, criança não tinha noção de Brega ou Fashion. Uma caixa de Retroz de Linhas Corrente servia de estojo. Ali cabia tudo: da borracha ao lápis grafite e até lápis de cor – da Faber Castell. Pra apontar usava lâmina, daquela branca mais barata ou da azul, a Gillette Blues Blade com um senhor de bigodinho e paletó estampado na caixa. Cortávamos ao meio pra usar uma banda de cada vez.. Haviam canetinhas Sylvapen – eram seis no estojo acrílico, a gente comprava na loja do “Tóin Colola” e pingava álcool pra aumentar a tinta. Uma caixa de lápis de cera... junto com cadernos e livros, socávamos todo esse material na mochila, daquelas em forma de tubo com boca fechada por grosso cordão, e atrás uma estampa de time de futebol. Ou naquela maleta quadrada, de tecido grosso, com fechos tipo “olho de gato”.
A tira-colo levava merendeira. Dos meninos, parecia um trenzinho maria-fumaça. Das meninas, formato de casinha. A garrafa com Toddy ou Ki-suco era a chaminé... Além da garrafinha, cabia um pão com margarina Astra. O uniforme era camisa branca com botões e gola, um bolso do lado esquerdo. Para os meninos, um shorts azul-marinho com elástico na cintura e acabava na altura dos joelhos. Para as meninas, uma saia lisa ou prissada – na mesma cor azul. Uniformizados, parecíamos soldados de chumbo. Sem esquecer da "Caixa Escolar", que também fornecia material e ajudava muitos de nós...

Pela primeira vez amarrei o ki-chute. Bem ao lado da caixa d'agua do Grupo Escolar. Mamãe sempre fazia isso por mim, mas naquele dia desamarrou no caminho e eu não podia parar, com medo que a servente fechasse o portão por ordem de Dnª Olga, de olhar severo. O sino já havia batido, se eu me atrasasse teria de pular a cerca lá nos fundos do Pátio, na rua da Cacisa.

Ah, se eu pudesse!! Hoje eu gostaria de entrar na fila outra vez... eram duas por sala, meninos e meninas, por ordem de tamanho. Esperávamos Dnª Terezinha Vinhas que puxava a reza – Oração de São Francisco – a mesma que as professoras em coro com os alunos rezavam dentro da sala, em dias de tempestade e trovão. E eu me intrigava com sua luva de crochê azul-claro, em apenas uma das mãos!
Subíamos em ordem pra sala. E até a hora do Recreio os corredores ficavam desertos, poucos tinham coragem de ir ao banheiro, pois sabíamos que a “Mulher do Algodão” morava lá dentro!!

No Recreio, as serventes traziam o caldeirão de sopa até a mesa do Pátio. Em fila os alunos eram servidos. Depois, dirigíamos para “nossa árvore” - cada turma tinha a sua – onde a professora brincava com a gente de passa-anel, telefone-sem-fio, seu mestre mandou, etc... Na Cantina, a Marta Barbosa – irmã da Maria José que era da minha sala, vendia “pão com molho”, mirabel, doces e Caçula – o refrigerante de abacaxi que adorávamos furar a tampinha com prego. De repente um menino subia as escadas e batia o sino. Um perigo! Se Dnª Olga visse, dava “B.O.”, o infrator era levado pra Secretaria e Dnª Esmeralda tomaria devidas providências. A Secretaria inspirava respeito, e ficava de frente à “sala do dentista”, de quem todo mundo tinha medo... Existiam as diferenças entre os alunos, que começavam no Recreio e terminavam com a temida frase: “__Eu te pego lá fora, depois da aula”.
A turma dos repetentes era mais encrenqueira, mas haviam muitos calouros briguentos também. Sempre aparecia um patrocinador do “evento”. Com bico do sapato riscava o chão e dividia o território entre dois oponentes e a gente fazia roda. No meio, ele levantava a mão dizendo:
__Quem for mais homem ”góspe” aqui na minha mão!
É claro que ele retirava a mão rapidamente e um dos moleques - o que levava a cusparada na cara - pulava de voadora no peito do menino que lhe cuspiu. Havia a turma do “deixa disso” e do “vai pra cima”. Por via das dúvidas, era melhor ser amigo DE TODO MUNDO, pra não apanhar de ninguém!
No meu tempo, o filho do Pedro – aquele ajudante do “seo” Geraldo “Xexéu”, lá da Balsa do Araúna – na hora do Recreio foi brincar perto do monte de gravetos e folhas secas que pegaram fogo, e ele se queimou bastante.
Depois do Recreio, dava uma preguiça!... Então a gente quebrava a ponta do lápis propositalmente, pra levantar da carteira e caminhar até a lixeira detrás da porta e apontar outra vez.

Durante o ano, tínhamos Gincana no Pátio, onde fazíamos Educação Física com a Ié-ié. Havia Dinâmica de Grupo com leitura de livros, interpretação de texto e apresentação na classe. Trabalhos em equipe; às vezes na casa de um colega, às vezes na Biblioteca Municipal. E era sem computador, sem impressora, nem Internet... A mãe do Zé Ronei tinha letra bonita e ajudava a gente.
 Gostávamos da Excursão: Fazíamos piquenique no Campo do Alazão ou no Estádio Mário Tibúrcio. Cada um levava seu lanche, depois brincávamos de pique, queimada, polícia-e-ladrão e claro, de futebol...

A professora responsável pela turma era a que ficava mais tempo conosco e fazia chamada... Porém tínhamos outras disciplinas. Religião por exemplo, era com a Profª Francisca – que morava na Cidade Nova perto da casa da Diola, e virou anjo quando teve problemas de apendicite e complicou... A Nilza Dutra também virou anjo me deu aulas de Religião, mas foi só no Ginásio. No Grupo, sob meu pedido, às vezes era levado pro almoxarifado durante a aula. Enquanto meus colegas aprendiam religião, eu ficava olhando e revirando os quadros e cartazes “dependurados” na pequena sala... E eram quadros que representavam “A Paixão e os Mistérios Dolorosos”... material da Aula de Religião!
Quem dava aulas no Pré era “Tia Cleide”, esposa do Dr.Lauro Correa. Não estudei com ela porque fui matriculado já com 7 anos, direto no primeiro ano.
Minhas professoras foram:
Profª Aparecida Dutra no 1º Ano, que me alfabetizou no Caminho Suave e no texto dos cabritinhos “Bitú, Zecão e Fofinho”.
Profª Maria Helena no 2º Ano, que me ensinou Comunicação e Expressão e Matemática com questões resolvidas na frente de uns quadradinhos desenhados no começo das linhas... Depois se casou e mudou pra São Paulo.
Profª Luzia Laudares teve paciência comigo no 3º Ano. Com ela, peguei gosto de fazer redação.
O 4º Ano estudei com a Profª Emilce Amaral. Com ela aprendi melhor sobre História do Brasil e aperfeiçoei meus cálculos de matemática. Estudei no Grupo de 1976 até 1979. Não tomei Bomba.

A despedida se deu com festa, amigo-oculto e deliciosa salada de frutas a qual todos nós contribuímos. Eu levei laranjas. A Nilce, que já virou anjinho levou uma lata de creme de leite. O Agnaldo levou quatro bananas. Sua mãe tinha mandado meia-dúzia, mas ele comeu duas no caminho... A Silvia, que também virou anjinho levou abacates. E a Ângela do Wilmar – levou só moranguinhos temporões que nasciam no jardim da casa dela... Houve mais frutas, claro. É que não me lembro agora!

...E se me dão licença, eu vou pra escola – já bateu o sino... antes que fechem o portão!
Mas deixo um dever de casa a vocês: MENCIONEM NOS COMENTÁRIOS O NOME DE SUAS PROFESSORAS DO PRIMÁRIO. Mesmo aquelas que passaram em vossas vidas por um breve período. A Neuzinha por exemplo, filha do Juquinha e morava na Rua 3 de Fevereiro – chamavam-na de Rainha. Era branca como leite, muito jovem e bonita – ela me deu aulas no Grupo por uns dias apenas. Porém, também nunca me esqueci.

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