quarta-feira, 15 de abril de 2015

2º Chegada em Guapé - Primeiras lembranças

06/09/2013
 ''AI!!! QUE SAUDADE ME DÁ!!!''

“NESTA LONGA HISTÓRIA DA VIIIDA... VOU CORRENDO E NÃO POSSO PARAAAAAAAAAAR..."


Em 15 de novembro de 1974 chegamos em Guapé. Lembro-me de um estradão vermelho, até das "costelas de vaca". Era uma tarde quente e calma, final da primavera. E...De repente ... Meu coração já virou guapeense!

Na entrada, nada de placa de Boas-Vindas. Marcava a entrada do lado esquerdo, um buteco ou “venda”, com duas portas, nenhuma janela e meia dúzia de cavalo amarrados, aparência de ambiente calmo, certamente "Caninha 61" rodando o balcão, e povo ocioso jogando truco, ouvindo Milionário & José Rico.
Lembro-me do descampado onde é o “Cristo Redentor," terrenão vazio. E onde é o Posto do Juca Procópio, pouco acima, havia um casebre ocupado por uma família muito pobre, de paredes negras e duas portinhas... Quem sabe foi um antigo barzinho em tempos melhores... Bem na entrada, de costas para a estrada, ficava a casa de alpendre do Sô Mário Rosa pai do Orley – um pequeno engenho de cana em seu quintal forneceu garapa para mim e minha irmã muitas vezes.  Ali nascia a Rua 3 de Fevereiro, linda visão de uma rua em declive terminando num belo lago azul. E nessa cidadezinha gostosa vivi os mais belos anos de minha vida. 

Chegando em Guapé, a primeira dificuldade: Eu, com 5 anos ainda fazia uso de “bico” e mamadeira... E na viagem acabei perdendo esse “bico”. Meu pai foi até a vendinha da entrada – o Bar Último Gole – pra comprar outro bico, porém custou se fazer entender já que em São Paulo tinha o nome de“chupeta”. Dizia ele que colocou o dedo na boca dizendo ser de criança chupar para não chorar.
Então o vendeiro:
__ Aaaaaaah! Bããão!!!!! 

Viação Irmãos Ávila... Ônibus de carroceria Ciferal em alumínio vermelho e branco... Bancos de couro também vermelhos, faziam o caminho uma vez ao dia de quem saía ou chegava em Guapé.  E na estrada... Sempre o João Pneu, Zé Roque, Lazo Sulica... Comum  também era topar o Juvenarinho em seus carros reestilizados, rodando entre o sítio e a cidade, lá pras bandas do “Corgo do Caixão”. Diziam que Juvenarinho deixou um FUSCA QUADRADO e um “FIETE” REDONDO de tanto bater nos barrancos... São causos do Guapé, é claro!

E “Máquina de Arroz” que beneficiava os grãos? Eram duas: A “Máquina do Seo Pio” lá da Rua Boa Esperança, fornecia toda quirela e o povo buscava farelo de arroz que engordava os porcos no fundo do quintal. Tempo bom! E a “Machinna Zaccaria” com as grandes portas voltadas para a Avenida lá na saída da cidade, despejava um monte de palhas de arroz nos fundos do estabelecimento. Para alegria da criançada que dividia o espaço desse “playground” improvisado com a Jardineira, que deixou a função de transportar pessoas e que toda semana passava por ali e enchia a carroceria de palha, pra levar sei lá pra onde.
 A Vigilância Sanitária não vigiava nada, e ninguém se importava com a catinga ou griteiro dos porcos do vizinho, já que todos tinham também seus chiqueiros e galinheiros no fundo de seus quintais. Era comum ver carrocinhas passando pra cima e pra baixo cheias de Capim Napiê, que os “leiteiros” trituravam na picadeira de óleo Diesel para dar de comer as vacas.

Tempo bom, Rua 3 de Fevereiro, rua de terra batida e cascalho, postes de madeira roliça, lâmpadas incandescentes de 100W,  essas lâmpadas lembravam“tomates''... eram vermelhas e não clareavam  nada. Bar do Sinval, Bar do Geraldo Vilela, rua historicamente importante. Tinha paralelepípedos na Av.Brasil e frondosas árvores, onde se encostavam os sitiantes debaixo da sombra com seus cavalos para um dedo de prosa, uma catira, passar uma manta, enrolar um ''pito de páia.''  E a casa velha da D.Ordália onde é hoje esquina do Tião Bernardes.

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