06/09/2013
''AI!!!
QUE SAUDADE ME DÁ!!!''
“NESTA LONGA HISTÓRIA DA VIIIDA... VOU CORRENDO E NÃO POSSO
PARAAAAAAAAAAR..."
Em 15 de novembro de 1974 chegamos em Guapé. Lembro-me de um
estradão vermelho, até das "costelas de vaca". Era uma tarde quente e
calma, final da primavera. E...De repente ... Meu coração já virou guapeense!
Na entrada, nada de placa de Boas-Vindas. Marcava a entrada do
lado esquerdo, um buteco ou “venda”, com duas portas, nenhuma janela e meia
dúzia de cavalo amarrados, aparência de ambiente calmo, certamente
"Caninha 61" rodando o balcão, e povo ocioso jogando truco, ouvindo
Milionário & José Rico.
Lembro-me do descampado onde é o “Cristo Redentor,"
terrenão vazio. E onde é o Posto do Juca Procópio, pouco acima, havia um casebre
ocupado por uma família muito pobre, de paredes negras e duas portinhas... Quem
sabe foi um antigo barzinho em tempos melhores... Bem na entrada, de costas
para a estrada, ficava a casa de alpendre do Sô Mário Rosa pai do Orley – um
pequeno engenho de cana em seu quintal forneceu garapa para mim e minha irmã
muitas vezes. Ali nascia a Rua 3 de
Fevereiro, linda visão de uma rua em declive terminando num belo lago azul. E
nessa cidadezinha gostosa vivi os mais belos anos de minha vida.
Chegando em Guapé, a primeira dificuldade: Eu, com 5 anos ainda
fazia uso de “bico” e mamadeira... E na viagem acabei perdendo esse “bico”. Meu
pai foi até a vendinha da entrada – o Bar Último Gole – pra comprar outro bico,
porém custou se fazer entender já que em São Paulo tinha o nome de“chupeta”.
Dizia ele que colocou o dedo na boca dizendo ser de criança chupar para não
chorar.
Então o vendeiro:
__ Aaaaaaah! Bããão!!!!!
Viação Irmãos Ávila... Ônibus de carroceria Ciferal em alumínio
vermelho e branco... Bancos de couro também vermelhos, faziam o caminho uma vez
ao dia de quem saía ou chegava em Guapé. E na estrada... Sempre o João Pneu, Zé Roque,
Lazo Sulica... Comum também era topar o
Juvenarinho em seus carros reestilizados, rodando entre o sítio e a cidade, lá
pras bandas do “Corgo do Caixão”. Diziam que Juvenarinho deixou um FUSCA
QUADRADO e um “FIETE” REDONDO de tanto bater nos barrancos... São causos do
Guapé, é claro!
E “Máquina de Arroz” que beneficiava os grãos? Eram duas: A
“Máquina do Seo Pio” lá da Rua Boa Esperança, fornecia toda quirela e o povo
buscava farelo de arroz que engordava os porcos no fundo do quintal. Tempo bom!
E a “Machinna Zaccaria” com as grandes portas voltadas para a Avenida lá na
saída da cidade, despejava um monte de palhas de arroz nos fundos do
estabelecimento. Para alegria da criançada que dividia o espaço desse
“playground” improvisado com a Jardineira, que deixou a função de transportar
pessoas e que toda semana passava por ali e enchia a carroceria de palha, pra
levar sei lá pra onde.
A Vigilância Sanitária
não vigiava nada, e ninguém se importava com a catinga ou griteiro dos porcos
do vizinho, já que todos tinham também seus chiqueiros e galinheiros no fundo
de seus quintais. Era comum ver carrocinhas passando pra cima e pra baixo
cheias de Capim Napiê, que os “leiteiros” trituravam na picadeira de óleo Diesel
para dar de comer as vacas.
Tempo bom, Rua 3 de Fevereiro, rua de terra batida e cascalho,
postes de madeira roliça, lâmpadas incandescentes de 100W, essas lâmpadas lembravam“tomates''... eram
vermelhas e não clareavam nada. Bar do
Sinval, Bar do Geraldo Vilela, rua historicamente importante. Tinha paralelepípedos
na Av.Brasil e frondosas árvores, onde se encostavam os sitiantes debaixo da
sombra com seus cavalos para um dedo de prosa, uma catira, passar uma manta,
enrolar um ''pito de páia.'' E a casa
velha da D.Ordália onde é hoje esquina do Tião Bernardes.
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