quarta-feira, 15 de abril de 2015

10º Do Grupo para o Ginásio

25/11/2013
 AI!!! QUE SAUDADE ME DÁ!!!

Já contei que vivia mudando de casa? Só em Guapé foram 13... Disse que falaria do Ginásio, mas impossível abordar o assunto sem dar retoques finais nas lembranças do Ensino Primário...

Do 1º ao 3º Ano “de Grupo”, percorri a Rua Boa Esperança em direção a Escola. O João da Sá Ana morava na esquina numa edícola de quintal. Ali permanecia de cócoras, encostado na parede do lado de fora. Dia todo ficava ali, não trabalhava nem saía dali pra nada desse mundo, mas me contou que estudou no Antigo Ginásio em 1971 e 1972 e lá conheceu meus primos Jonas, Josué e Janete...
Com inseparável rádio de pilha, todo dia me dava notícias do Campeonato Brasileiro e do seu time de coração: Santos F.C. Morreu em 1984 com dores na barriga, e ninguém soube o que foi. Nunca entendi de futebol, mas gostava de conversar com João. Apesar da boa amizade, às vezes tinha medo de passar por ali na hora de ir pra escola... Pois naquela rua morava um velho senhor: quando a gente passava correndo, fazia "cara de mau" e fingindo que pegava um canivete, ameaçava de cercar nosso caminho, dizendo: __”Péraí seu moleque, que agora vou te capar”... era tudo brincadeira dele, claro – era um senhor muito respeitável, e o povo dali eram todos boa índole, mas “criança pequena” não sabe discernir entre brincadeiras e realidade!! Por causa disso às vezes descia a Rua 3 de Fevereiro até chegar na RUA ARAÚNA, me dirigindo ao Grupo por ali.

Bem de frente o campo vazio – que ficava abaixo da Rodoviária Nova – nessa rua morou Vicente, dono de um Corcel marrom – só tinha dois dessa cor na cidade: o dele e do Geraldo Vilela. Vicente foi casado com Dnª Helena, que sofria do coração. Praticamente cega por causa do diabetes, muitas vezes me pediu que lesse (ainda que tropeçando nas palavras) as bulas e os horários dela tomar seus remédios. Num dia passando por lá, notei movimento incomum na casa... era 1977 e eu cursava o 2º Ano... Dnª Helena tinha falecido naquela manhã. No final de 78 voltei pra Cidade Nova. E do quintal de minha casa – ainda estudando no Grupo, contemplava a bela construção do Ginásio.

A inauguração do “Ginásio Estadual de Guapé” – foi esse o primeiro nome – se deu em 1979. Montaram um palanque no portão, aproveitando o desnível do passeio. Juntou muita gente, inclusive Dr. Lauro que anos depois emprestaria seu nome ao Ginásio, e uma figura política veio de fora: Deputado de BH ou de Brasília, que fez um longo discurso...Pra assistir tal evento, pulei o muro de casa e atravessei terrenos vazios que haviam por lá. Esse caminho fiz todos os anos que estudei no Ginásio, pois morava na rua de cima e era mais fácil fazer isso do que contornar toda esquina onde tem a casa do Euclides Nascimento. Ansioso, queria ver logo o prédio onde passaria longas horas de aprendizado no ano seguinte e esperei com impaciência o fim do discurso. Já no recinto, colei o nariz nos vidros da janela do Laboratório, admirando os fetos de bezerro, porco, serpentes e insetos expostos em vidros com álcool. No mezanino, estava o famoso “microscópio” da aula de Biologia. Assim, já me despedia daquela vida de aluno primário...

Chegando ao Ginásio em 1980, fiquei desnorteado. 5ª-C era a segunda sala à esquerda, no pavilhão mais baixo da Escola. Ali tivemos contato com o novo mundo: Um “fuzuê” de professores entrando e saindo a cada 45 minutos, cada um com disciplina nova. Alunos da 6ª, 7ª e 8ª séries nos dando "bons exemplos", mostrando que a partir daquele dia – teoricamente – a qualquer hora podíamos sair pra beber água, ir ao banheiro, perambular nos corredores, subir na quadra ainda em construção e até arranjar umas paqueradinhas detrás do Ginásio...
Nos primeiros dias me senti perdido, igual cachorrinho que cai do caminhão de mudanças... E daquela hora em diante não era mais proibido escrever de canetas e trocamos nosso caderno de brochura por outro grandão, de espiral.
Mudaram as disciplinas: Entrou “História” com professora Valdete que antes de ser “promovida a anjo”, era esposa do William da Educação Física. Comunicação e Expressão virou “Língua Portuguesa”, com Dnª Zélia. E Ciências era “Programa de Saúde” com Dnª Edna, que num momento de descontração nos levou pra visitar o Laboratório... Foi só pra descontrair mesmo, pois não lembro de ter voltado lá nenhuma outra vez.. Aprendi misturar manga com leite, porque ela dizia: “No estômago não tem gavetas, portanto a natureza permite a mistura de alimentos”. Geografia era com Dnª Lara e depois foi com Dnª Graça, cuja voz nunca me esqueci, era em falsete. E Matemática?? ah!.... matemática!... Dnª Maria Augusta ensinou a gente no intragável livro “TD” - Trabalho Dirigido.
Duas matérias tinham nome esquisito: EMC e OSPB – favor não confundir com BHC nem SBP que eram inseticidas. Foram ótimas disciplinas! Até hoje não sei porque deixaram de existir. Ensinavam moralidade e organização política!! Tenho certeza que os políticos atuais de Brasília COLARAM bastante na escola, porque seus procedimentos não condizem com aquilo que se aprendia no Ginásio... A professora foi Dnª Leila. Aulas de Religião era com Dnª Nilza - pessoinha muito calma, mas parecia não ter muita fé no que ensinava. INGLÊS!! O livro "Beginning at the beginning", com os personagens Stephen, Dayse, Daddy and Mother... Era Dnª Cléri que ensinava, mas eu continuei até hoje "Começando no começo" – como diz o título do livro, porque não entendi nada dessa língua...
Tinha a dupla: Ângela Gaia da Dnª Sabina e a própria Dnª Sabina: A primeira ensinou Educação Artística e meu 1º trabalho artístico foi "motivos natalinos", com a confecção de um Sino Caseiro... O sino era de papelão e em vez de fazer um badalo, eu coloquei DOIS pendurados... Não sei por quê todo mundo riu, mas a professora guardou discretamente junto com outros trabalhos da classe... Aprendi alguma coisa sobre O-LE-RI-CUL-TU-RA. Soletrado desse “jeitin”, como Dnª Sabina falava em toda sua paciência. Olericultura parecia recreação pois tínhamos oportunidade de sair da sala e cuidar da horta detrás da Escola. Formamos equipes e eu cuidava do canteiro de Rabanetes, um tubérculo que só servia pra saladas. A horta enriqueceu a sopa com legumes e verduras. Uma vez “furaram” a vigilância do Hélio, invadiram a horta e roubaram todos pés de couve, repolho e o Hélio ...ficou sem cenoura. Roubaram tudo.

Meu pesadelo foi nas aulas de Educação Física. Raquítico, peso-pena, era sempre o lanterna. Pra correr em volta da quadra, aguentava cinco ou seis voltas sem xingar o William. Depois começava doer os rins e sentir câimbras... No futebol só servia de tabela: Atiravam a bola na minha direção, que rebatia em qualquer lugar do corpo e pulava de volta pro companheiro, confundindo o adversário. Certa vez, uma bola bem chutada me carregou com ela 2 metros antes de me atirar ao chão... Por fim, para evitar tais impropérios contra a minha pessoa, se o jogo acontecia num canto da quadra, eu logo corria pro lado contrário...
No vôlei, me apelidaram de “Xandó”, só pra lembrar o melhor jogador da época... o saque era uma piada... Quando William estava de bom humor, corríamos 5 voltas na Quadra e depois era Vôlei, Futsal ou exercícios leves. Caso contrário, subíamos pro Campo Sete – onde o filho chora e a mãe não vê – e ali sem piedade nos fazia correr 20 ou 30 voltas. Apesar da saudade que tenho do professor, até hoje tenho vontades de cuspir um CHICLETE bem na frente do William, só pra vê-lo grudar o pé...
Da próxima vez falarei mais do Ginásio e todo seu universo... Porque agora só de lembrar dessas coisas, fiquei cansado...

Até!

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