domingo, 26 de julho de 2020

22º O Farmacêutico Sahium

Filho de imigrantes libaneses, Abraão Antônio Sahium fixou residência em Guapé (MG) há muitos e muitos anos passados...
Ali abriu uma farmácia que existe até hoje e é a mais antiga da cidade.
Ajudou muita gente pobre no Guapé, pessoas que não podiam sequer comprar um comprimido. Visitava os enfermos em casa, dava assistência a quem já não podia mais sair da cama... Visitava-os mesmo que fosse a pé!
Numa cidade pequena sem muitos comércios especializados, a farmácia do Sahium também funcionava como uma boutique: Não só vendia remédios, mas também tinha os perfumes...
A imagem mais marcante na memória é de 1985 ou 1986... foram as suas visitas à casa de Dna. Oscarina e Sr. Candinho, nossos vizinhos ali da Rua Araúna, uma mulher gravemente enferma.
Da porta entreaberta que dá pra rua, pressentíamos aqueles momentos de angústia, quando ela, vítima de um câncer no pulmão, lutava para sorver um pouco de ar. Mas o "Sr. Sahium" estava lá, para aplicar talvez uma morfina, para prestar todo o conforto possível naquelas horas difíceis e finais.
Não tinha dia, não tinha hora. Era só chamar e o prestativo farmacêutico vinha atender os pacientes à domicílio.
Toda população guapeense o admirava... Sahium foi nosso médico e farmacêutico.
18 de Junho de 2020: Nesse dia ele se foi, mas deixou um legado gigante, uma imagem zelosa do bom e gentil profissional (e amigo) que sempre foi.

Segue abaixo uma pequena homenagem ao grande profissional. Uma pequena homenagem (e também uma sugestão) ao Farmacêutico que nos acompanhou desde criancinha, atendendo-nos desde uma pequena dor de dente, a um problema de saúde mais sério...
Alguém que atendia a todos com um lindo sorriso no rosto e que transmitia paz e confiança (mesmo quando apontava para nós, crianças, a temida agulha de injeção).
Vai com Deus, Sahium!

Avenida Brasil…
Quantas são as Avenidas
Que te homenageiam pelo nome?
Um nome que se destaca
Por importância entre tantos mil… 
Pois quase não há cidade,
Que não estampe em logradouros,
Esse nome de Brasil… 

Um País tão gigante,
Mas de povo tão sofrido.
Onde a fome é abundante,
E o futuro dolorido.
Onde os presos estão soltos
E o crime ainda compensa.
Onde os piores são poderosos
E o bom cai na maledicência.

Onde se trabalha pra pagar impostos
E viver só do que sobra.
Destino incerto e duvidoso,
Viramos pau pra toda obra.
Onde a Favela é quase tão grande,
Quanto a Cidade que a comporta.
Infraestrutura nem existe
E a miséria bate na porta.

E suas terras são divididas,
Subdivididas e depois vendidas.
Seu patrimônio é malcuidado
Isto quando não são incendiados!
Um País que dá mais importância
Ao salário do Deputado
Mas que se desapercebe
Dos que o fizeram estudado.
Se eu esquecer,
Alguém me ajude:
Mas tem bem mais privilégio
O político de Brasília,
Do que o Profissional da Saúde!

Uma Pátria que eu gostaria de chamar de minha Mãe,
Enquanto outros se contentam por chamar até de Madrasta.
Porém nem uma e nem outra valem,
Pois tu não fazes sequer o mínimo
Do que qualquer uma delas faça!

Um Brasil irreconhecível,
Que nem ouve os que te clamam.
Nem merece uma Avenida!
Pois castiga os que te amam.
Quando muito, dar teu nome
A um Beco Sem Saída.

Em Guapé também existe
Por Brasil uma Avenida.
Nela existe uma farmácia
Que é de longe a mais querida.

Entre aqueles mais antigos
Que à população serviu,
Houve um filho libanês
Nessa Avenida Brasil.
Seu sorriso aliviava
A dor do enfermo condenado.
Daqueles que nem tratamento
Salvaria o coitado.

Vindo a pé ou a cavalo,
Visitava todo mundo!
Um doente na família
Nunca foi abandonado.
Na Cidade ou no campo,
Rico, pobre ou vagabundo.

A Avenida é testemunha
Da Farmácia que cresceu.
A Cidade até mudou,
Mas ali permaneceu.
Como nada é para sempre,
Hoje um fato dolorido:
O seu dono tão querido
Infelizmente faleceu.
E Sahium era seu nome,
O nosso amigo farmacêutico.
Fez a vez até de Doutor,
Em época de tempos críticos.

Num Brasil pouco amistoso,
De pobreza e de injustiça,
Desnutrição, febre ou maleita,
A aflição era contida
Às vezes com suas receitas.
Pois seria bem mais pago,
Tirar de ti este “Brasil”
E dar-te nome ó Avenida,
Sem causar prejuízo algum,
Ostentando agora em suas placas:
“Avenida Abraão Antônio Sahium” (*)

Obs: Suas iniciais formam AAS, o princípio ativo da nossa querida e popular Aspirina...


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